Ejaculação precoce é, disparadamente, a disfunção sexual mais comum entre os homens — mas sua origem raramente está no corpo. Em primeiro lugar, o que caracteriza essa condição não é o tempo exato que o homem leva até ejacular. E sim a angústia por não conseguir sustentar o prazer de forma satisfatória, nem para si, nem para o/a parceiro/a. Por isso, mais do que um problema físico, trata-se de uma desconexão profunda entre corpo, mente e sensação.

Como terapeuta tântrico, recebo regularmente homens carregando esse incômodo silencioso. Sendo assim, muitos chegam cansados, frustrados e envergonhados. A sensação de inadequação sexual, o sentimento de culpa e a incapacidade de proporcionar prazer genuíno ao outro marcam essas histórias. Ainda mais, essa disfunção é um ciclo que se retroalimenta: quanto mais ansiedade, mais rápido o orgasmo; quanto mais rápido, mais ansiedade.

Por que a ejaculação precoce é tão comum e tão silenciosa?

Primeiramente, porque a masculinidade tradicional nos ensina que o homem deve sempre “dar conta”, “performar”, “tomar o controle”. Isso gera uma enorme pressão interna, tornando o sexo um campo de prova — não de encontro. A ansiedade gerada por esse desempenho constante é um dos principais fatores por trás da ejaculação precoce.

Além disso, muitos homens têm extrema dificuldade em receber. São condicionados a dar, penetrar, controlar. Mas, quando o corpo é obrigado a seguir sempre o mesmo script, ele se torna tenso, automatizado e insensível às sutilezas. Ou seja, o toque perde valor. A presença desaparece. E a sexualidade vira uma corrida contra o próprio corpo.

Qual é o papel da ansiedade nesse processo?

Sem dúvida, a ansiedade é a grande vilã quando falamos sobre ejaculação precoce. Ela acelera os batimentos cardíacos, diminui o controle respiratório, altera a percepção corporal e cria um estado de urgência contínua. Isso leva o homem a tentar “resolver logo” a situação, como se o sexo fosse uma tarefa a cumprir, e não uma vivência para se entregar.

Por exemplo, em muitos casos, o simples ato de imaginar que não conseguirá “segurar” já dispara os gatilhos mentais que levam ao desfecho precoce. Assim como o medo de falhar, o medo de ser julgado ou de decepcionar o outro também interfere diretamente na resposta sexual.

Consequentemente, o homem entra num ciclo em que o medo de ejacular rápido… o faz ejacular ainda mais rápido.

Como a terapia tântrica atua sobre a ejaculação precoce?

Diferente de abordagens médicas que oferecem muitas vezes medicamentos para adiar o orgasmo, a terapia tântrica propõe um caminho mais profundo e natural: recondicionar o corpo e a mente para uma nova forma de sentir. Em meus atendimentos, crio um espaço seguro onde o homem pode se desconectar dos papéis sociais e mergulhar em sua sensorialidade.

Através da massagem tântrica e de técnicas específicas, o cliente é convidado a sair da postura ativa e aprender a receber. Isso envolve se abrir ao toque sutil, desacelerar a mente e focar nas sensações — não no objetivo final. Aos poucos, ele vai percebendo que o prazer pode ser diluído no corpo todo, e que o orgasmo não precisa ser o ápice de tudo, mas sim uma consequência natural.

Com isso, um novo padrão sensorial se forma. A resposta do corpo deixa de estar atrelada a estímulos frenéticos, como os da masturbação tradicional ou da pornografia, e passa a ser guiada pela respiração, pela presença e pela expansão da consciência.

Qual o impacto da pornografia na ejaculação precoce?

A pornografia, frequentemente, reforça uma lógica visual e performática que alimenta o imediatismo no prazer. O foco total está no orgasmo, no vai e vem acelerado, na conquista rápida. Como resultado, o corpo do homem se habitua a esse padrão condicionado, e perde a capacidade de sustentar estados prolongados de excitação sem ejacular.

Analogamente, é como treinar todos os dias para correr 100 metros rasos e, de repente, esperar que o corpo aguente uma maratona. Ele simplesmente não foi preparado para isso.

Por isso, na terapia, um dos objetivos é desprogramar esse condicionamento. Trazer o homem de volta ao corpo, ao toque, ao agora.

É possível alcançar um novo padrão de prazer?

Sim. E eu testemunho isso acontecer com frequência. Quando o homem aceita experimentar o corpo fora do controle, quando começa a respirar com profundidade, a soltar o abdômen e a receber o toque de forma plena, algo se reorganiza. A ansiedade cede espaço à confiança. O medo, à curiosidade. O controle, à entrega.

Muitos relatam que, após algumas sessões, passam a perceber o sexo de forma completamente diferente. O foco deixa de ser “quanto tempo eu aguento” e passa a ser “como estou sentindo agora”. Isso transforma não apenas a performance, mas a relação inteira com o prazer.

Além disso, há um fortalecimento da autoestima. A culpa dá lugar à responsabilidade afetiva, à maturidade sexual e à possibilidade de se relacionar de forma mais íntima e verdadeira.

Como é o processo de tratamento na prática?

Cada jornada é única. O primeiro passo é o acolhimento, a escuta, o respeito pelo tempo e pelos limites de cada um. Não há pressa. A massagem tântrica é aplicada em ambiente seguro, com foco na expansão da sensorialidade, e não na excitação genital imediata.

Progressivamente, o corpo vai aprendendo novos caminhos. As sensações se espalham. A mente se acalma. E o prazer se torna mais intenso, duradouro e libertador.

É hora de parar de correr contra o prazer e começar a caminhar com ele, talvez esse seja o momento de mudar o padrão. Um convite para se reconectar com o corpo, com o toque e com a sua verdadeira potência. Entre em contato.